Ontem (15/2/21) o mundo ficou um pouco mais triste com a partida da arqueóloga Leila Maria França. Leila era muito querida por todos com quem tinha contato, colegas de trabalho, amigos e familiares. Era também respeitada, vista como uma batalhadora e admirada por sua força. Adorava os artefatos de jade da Mesoamérica, cujos estudos durante o mestrado e doutorado no MAE-USP fez dela uma pesquisadora dedicada ao entendimento do simbolismo e dos meios de circulação das pedras verdes. Sua permanência no México, durante um pós-doutorado, alargou seus horizontes, abrindo portas para a compreensão de aspectos pouco explorados acerca da ocupação de Teotihuacán. Foi uma das fundadoras e pesquisadora atuante do CEMA – Centro de Estudos Mesoamericanos e Andinos – USP. Dedicou-se à docência de arqueologia junto à PUC-SP e UNISA, tendo conquistado uma legião de alunos. Em 2014 ingressou no IPHAN, dando início a uma carreira que primou pelo apuro técnico, mas também pelo contato afetivo que estabeleceu com as populações afrodescendentes durante as escavações arqueológicas realizadas no cemitério dos Aflitos, no bairro da Liberdade. Defendeu a proteção do Memorial dos Aflitos e promoveu sua visibilidade, além de ter dado destaque na imprensa às contas de vidro, encontradas junto às ossadas, vinculando-as ao culto de Ogum das religiões de matriz africana. Os grupos defensores do Memorial dos Aflitos também lamentaram sua passagem. Dentre os familiares deixou Lucas, seu filho muito amado.